Nessa vida contamos e ouvimos estórias, é claro que as mais engraçadas nos surpreendem sempre mais,
isso em função do nível de humor que elas têm. São coisas assim, que nos ajudam a quebrar a monotonia diária que muitos de nós vivemos diariamente. Escrever faz parte de nós, há casos que queremos muito expressar o nosso pensamento, talvez seja esse o maior sentido e desejo de quem escreve expressar aquilo que sente; no caso me incluo também quando tenho essa necessidade de escrever aquilo que sinto.
Quando isso acontece tento, com a minha alegria ou tristeza, contagiar o que há de mais importante o
leitor. Enquanto narrador, procuro-me divertir o máximo que posso no momento da criação de um conto poético, nessa somatória de esforços vou recebendo um tipo de estímulo a mais, para com o leitor juntos podermos interagir um bocado a mais. No entanto, procuro ficar mais atento para não perder o momento de inspiração de boas estórias envolvendo suas diferentes personagens, confesso ser bastante gratificante quando recebo esse bom astral, indiferente de ser baseado em fatos reais ou não, mas que de repente deixa lembranças que vale a pena relembrar. Essa estória a qual retrato em escrever, se trata de fato que antes acontecia entre os operários da antiga Companhia Cia. Vale do Rio Doce, uma empresa que na época vivia o regime de empresa estatal, hoje por ser privada ganhou outra dominação de somente Vale.
Esse período compreendido como a década de sessenta com os anos setenta, que não para por ai, indo
um pouco mais adiante, quem viveu essa época vai se lembrar de coisas que acontecia com determinadas pessoas que hoje quando relembramos de certos personagens que nos faz dar boas gargalhadas. Então vamos relembrar de momentos já acontecidos e sem muito rodeio vou direto a esse assunto. É de suma importância atenção com todas essas narrativas, elas trazem algumas figuras de linguagem pertinente ao convívio das personagens que tornam interessante compreender. Pois bem, o país vivia sob incentivo do governo federal, que buscava a qualquer custo industrializar o Brasil. Já era previsto pelo governo que somente esforços não bastariam, seria necessário buscar algo a mais que fosse somente esforços. Com poucos recursos usados na época pelo governo a logística apontava o mais necessário era ter a matéria prima para transformação e conseqüentemente atender todos os setores siderúrgicos já em funcionamento, perante essa necessidade surge o grande projeto do então presidente da republica: Getúlio Vargas, que tinha como objetivo industrializar o país. Alternativa era criar empresas estatais as quais ele criou e entre outras a Vale do Rio Doce, que tinha por finalidade de explorar minério de ferro na cidade de Itabira, período esse que ficou caracterizado para os Itabiranos a era do minério de ferro.
Com a implantação e expansão do projeto, foi surgindo um tipo de invasão de pessoas que chegavam à
cidade a todo instante em busca de novas oportunidades de trabalho. Aliado a essa idéia havia uma
grande procura por mão de obra para suprir e alavancar a grande demanda que seria de trabalhadores
para explorar as minas, sem mão de obra quase que impossível impulsionar a produção e
conseqüentemente produzir riquezas. Entretanto, potencial havia de sobra, pois se tratava de uma
grandiosa jazida de minério de ferro a ser explorado que por sua vez ainda permanecia intacta quase no
seu formato original, estou me referindo ao tão e admirado pico do Cauê, conhecido pela sua forma
imponente como o pico mais elegante da região, por que não dizer do Brasil.
O minério de ferro veio a ser a grande composição valiosa das ligas que compõem o processo industrial
das transformações que desemboca em ferramentas tecnológicas, que a todo tempo desdobrava o
presente para a firmação do futuro. Cujo, todo instante surge novos inventos dessa constante evolução
que sempre esteve em mutação até o presente momento e, tudo indica que não vai parar por aí.
As coisas procuravam-se afirmar no país que ainda vivia as conseqüências de um passado bem recente
sob forte regimento político, paralelo a grande causa responsável a esse período após a primeira guerra
mundial. A falência da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929, ao mesmo tempo a busca incessante
das maiores potências mundiais por mercados mercantilistas para fomentar o capitalismo, essas ações
fezeram estreitar cada vez mais as relações entre os países, os chamados super potencia e como
conseqüência de tudo que estava acontecendo fez explodir o maior conflito de todos os tempos até o
presente momento, a segunda guerra mundial. Os países novamente em conflito, o mundo pegava fogo e as chamadas grandes nações subdivididas em eixo e aliados para impor uma luta armamentista travados sobre disputa por novos mercados.
Com o Brasil não foi tão diferente, pois também buscava conquistar o seu espaço no mercado mundial. O que ele tinha para oferecer ao mundo seria a sua riqueza natural entre outros o minério de ferro, para ser explorado e comercializado numa visão de exportação. Nessa vertente tudo conspirava a favor do Brasil, durante e após guerra. Eram bastante visíveis as conseqüências originadas sobre efeito do processo de destruição atingido pelo conflito mundial. Era necessário reconstruir os países atingidos pela grande guerra. Se não bastasse a corrida armamentista movimentava a indústria bélica gerada pela desconfiança de mais um conflito, logo passava a ser a grande necessidade da época produzir cada vez mais.
A classe operária aqui no Brasil e especialmente em Itabira, era alavancar esse progresso extrativista e
com isso trabalhava dia e noite para suprir as metas e objetivos. A forma como produzir não era levado
tanto em consideração, o objetivo passou a ser de produzir cada vez mais minério de ferro para suprir a
exportação. O setor produtivo implantou um sistema de três turnos de formim interrupta, um modelo já
conhecido pelas indústrias dos países mais desenvolvidos, o lema aqui era como meta de produção
produzir cada vez mais e mais, numa vertente sempre crescente.
Ninguém tinha tempo pra nada e sempre havia um chefe solicitando por alguém, mesmo após uma
jornada de trabalho cumprida às vezes não era o suficiente, aconteciam com certa freqüência às
chamadas de emergência no alto da serra, as chamadas horas extras impostas sem opção de escolha e
quando isso acontecia fazia diminuir mais ainda um espaço de tempo para um eventual descanso.
Quando falamos de troca de turnos na observação dos próprios peões, há de considerar o maior intervalo, o turno de zero hora, ou seja, horário que tinha o seu inicio das vinte e três horas, às seis da manhã. Nessa soma de horas em relação aos outros turnos, trabalhava um pouco a menos por se tratar de um menor intervalo entre um turno e outro. O setor de produção sempre foi ligado diretamente às atividades da mina, que sempre necessitou de um contingente maior de trabalhadores para tocar continuadamente a produção exigida.
Todos esses referenciais usados até aqui, é na intenção de ficar mais claro para você leitor, entender como funcionava área operacional nas minas em específico o setor produtivo, que se for ver voltado para os dias atuais, mudou em alguns aspectos, após muita luta por parte dos trabalhadores em busca por melhores condições de trabalho, passando para o revezamento de quatro turnos, que significa menos horas trabalhada, mas esse regime só veio acontecer depois de um bom tempo de resistência.
Trabalhar nas minas era para quem tinha força e agüentava o batente, muitos diziam aqui tem que
suportar o rojão e diziam… Onde o filho chorava e a mãe não ouvia. Controlada por um sistema de
pressão que a radio peão definia feitor de setor, para os mais chamados de boca dura os mais radicais
definiam de: cachimbo ou puxa saco, que tinha a função de ordenar e cobrar o serviço dos demais que
poucos casos aqui eram encarregados qualificados seguia os métodos tradicionais quando muito. Os
mesmos diziam pra turma a vida aqui é dura pra quem é mole, acima de tudo tem que ter força e muque
de ferro para suportar. Nem tudo eram só pesares e lamúrias nesse ofício de sofrer as cobranças e
pressões adversas, o que mais se via nas poucas ruas da cidade, de ora para outra num bom sentido,
uma invasão de muitas pessoas trafegando de um lado e outro reclamando de tudo que não era bom. A
monotonia começava tomar conta da cidade, algo de diferente teria de acontecer, pois então, era à busca
de mais diversão para todos.
No meio de tantos operários, sempre tem aquele que é o mais extrovertido, que busca alegrar o ambiente criando situação diversa às vezes de forma bastante humorada, era de esperar que alguém fosse chamar atenção, entre os chamados peão da Vale surge aquele que se destaca ser o mais engraçado, colocando certo tipo de banca sobre os demais novatos que chegam na área, tomava de incumbência a dar um certo apelido a esse alguém como forma de batismo de boas vindas. Recebia certo apelido, que ainda não tinha.
Poucos escapavam ficando ileso dessa brincadeira, de não ser apelidado de alguma coisa. Com esse
novato cidadão não seria de forma diferente sem muito para pensar logo recebeu o seu apelido, não
importa se é estranho, mas com essa turma do disse e me disse, não havia como escapar.
Era muito engraçado quando todos começavam a chamar um indivíduo pelo apelido ao invés do seu
verdadeiro nome. Antigamente era muito freqüente os cartórios civis cometerem certos erros de escritas
ao registrar uma criança, sendo muitas das vezes um erro mantido pela própria opinião da família, que
tomava a pronúncia errada, foi o que acabou acontecendo com Jose do Fim Severiano, batizado pelos
colegas agora de ( Luz baixa ). O porquê desse apelido de luz baixa? Por estar com os olhos sempre a
baixo do seu semblante meio que morteiro, em situação normal quase que difícil vê-lo de olhos
amplamente abertos, ele mais parecia com aquele animal, o bicho preguiça, ou um carro com farol de luz baixa… Muitos riam, riam, por ter muito ver a sua aparência justificava muito bem o porquê desse seu apelido, o mais interessante que todos achavam graça e ele não sentia nem um pouco constrangido, pelo contrário se divertia também dando boas gargalhadas, um camarada muito bom, gente boa só vivia
sorrindo de qualquer situação demonstrava não estar nem ai… Se fossem voltados para os dias atuais
muitos podem pensar em bullyng, só que ele ia achar mais que normal. No cartório de registro e de
batismo, foi registrado com o nome de José do Fim Severiano. Quando alguém ficava sabendo do seu
verdadeiro nome, não tinha quem não desse boas risadas… Ao ver a figura do (Luz baixa). E sem querer
fazer mais chacota com a personagem, pensa bem alguém com esse seu nome próprio e um apelido
desses, já dava para começar imaginar coisas… Um apelido que vinha casar com a sua verdadeira
aparência comparado as suas características e sem querer desenhar muito para não parecer sacanagem,
mas a sua pessoa em si vai dar um ar de graça em qualquer um quando relacionamos os fatos.
Falando de diversão cada um usa uma forma diferente para se divertir ou ocupar o seu pequeno espaço
de folga para descansar, uns preferiam envolver com assuntos ligados à comunidade, outros procuravam mesmo era diversão, divertir o máximo que podia! Não havia tantas opções assim, o jeito era procurar os poucos bares que havia na pequena e ainda pacata cidade de Itabira do Mato Dentro. Era de rotina viasacra entre os companheiros que procuravam se divertir, muitos iam direto para os bares e botecos beber e comer de tudo um pouco, nesses encontros de amigos, alegria era geral, com ou sem motivo, a moda era estar bem consigo mesmo e como um bom improviso ter um instrumento na mão para tocar e cantar.
Jose do Fim Severiano, tinha dom e alma de artista nesse caso o (luz baixa), sendo assim não deixava por
menos, queria mesmo intrujar participando das rodas para tocar e cantar as suas músicas, que fizesse o
gosto da moçada ali presente, procurava agradar! Tocando e cantando as músicas que os amigos mais
gostavam de ouvir e sem falsa modéstia, arriscava em dizer: qual é a música que os amigos querem que
eu cante ou toco pra vocês ouvir! E do nada começava a cantarolar as mais apaixonadas canções que
faziam sucesso na época, eram tantas que ficava fácil formar um bom repertório em função de tantas
boas músicas que havia na época, mesmo assim tentava agradar os outros e a si mesmo. A moçada
procurava viver os bons momentos da música popular brasileira, que com freqüência surgiam sempre
grandes nomes artísticos que se tornaram históricos da musica popular brasileira: Ataúlfo Alves, Altemar
Dutra, Ângela Maria, Cartola, Cauby Peixoto, Chiquinha Gonzaga, Emilinha Borba, Ismael Silva, Marlene Silva, Nélson do Cavaquinho, Noel Rosa, Nélson Gonçalves, Pixinguinha, Vicente Celestino e tantos outros.
Porém, ele e os amigos preferiam os chamados cantores brega, a música sertaneja de raiz, ou as modas
de viola com os artistas de maior evidência regional. Por aqui a pluralidade musical era enorme cada um
procurava apresentar aquilo que mais gostava de ouvir voltado a sua região. Certo que havia música para todos os gostos, isso sem relacionar a jovem guarda, a bossa-nova, que também começava a fazer
sucesso, porém não era o tipo de música que procuravam ouvir, os mais solicitados como já foi referido
antes às modas de violas e as musicas sertaneja de raiz ou um bom samba, que retratasse a
malandragem do amor, coisas que retratavam bem a boemia. A Sanfona, o violão, a viola, o pandeiro, o
xiquexique e a zabumba, eram inevitáveis não ter esses tipos de instrumentos nas rodas de amigos. O
cantor, não importava muito se era bem afinado ou não, o importante era expressar o seu sentimento,
alegrando o ambiente. Visto pelos demais companheiros, não há nada parecido com a pessoa, à figura do luz baixa, Aparentemente transparecia ser agitado, inquieto, um só instante, mantendo ser um autêntico festeiro. Para ele e os amigos, se não bastasse uma boa cachaça da roça, um bom salgado na vitrine, na escassez de outra coisa, aquele torresminho a pururuca e toma cachaça boa da roça! – pois bem. Continuavam eles com o assunto central de toda conversa voltado aos dias de hoje. Luz baixa seria simplesmente o cara.
Um zen boêmio do dia e da noite bastava ter um tempinho a mais disponível que lá já ia ele com todo o
seu ânimo para fazer aquela arruaça de forma agradável, indo e voltando de bar em bar, para se divertir e rever os amigos. Com isso o tempo passava e as horas iam chegando até cair à tarde, já muito próximo
ao anoitecer lembrava-se da sua responsabilidade que era de trabalhar, logo procurava tomar o rumo de
casa, para se preparar para o trabalho. De uma coisa é certo José do fim Severino o luz baixa, era pontual em relação as suas responsabilidades as quais não fugia delas, sabia da sua real obrigação de ir trabalhar todos os dias, exceto os dias de folgas.
Não dispersava da sua obrigação de ir ao seu trabalho todos os dias, sempre de maneira responsável
tinha como o seu maior ofício. Isso indiferente do estado que se encontrava. Procurava não deixar furo,
uma maneira de dizer dos peões. Quando findava o dia estivesse onde fosse pedia a conta do consumido
ao dono do bar, muita das vezes coincidia de estar no bar do Zé pimpão, que logo ele dizia… Amigo passa a régua, ou melhor, fecha a conta e me traz a dolorosa que eu quero pagar e puxar o meu carro lembrava exatamente a hora que deveria estar em casa. Indiferente de sua zonzeira, já bem de fogo, sem
demonstrar conversava consigo mesmo ao dizer, quando chegar a minha casa vou tomar aquele banho
frio para ajudar a despertar o meu corpo, vou pedir a minha Filomena, que faça para mim um delicioso
mexido, coisa que só ela mesma sabe fazer e para finalizar acompanhado daquele café bem forte para
ajudar curar a minha ressaca e continuava dizendo com o seu pensamento, se não! -estou ferrado.
Ao chegar a sua casa, já meio inseguro ao pouco tempo que lhe restava, batia logo uma tremenda fadiga
e ansiedade, certo desespero como se alguém tivesse culpa da sua arruaça e bebedeira. Sua melhor
alternativa era mesmo descansar para depois estar pronto e disposto. Portanto, quando chegava a sua
casa aprontava aquele fuzuê chamando por Filomena quase sem parar… Filomena! – Filomena, Cadê você mulher, que não me responde e nem vejo! – dai a pouco ela respondeu, estou aqui, Zezé! – Aonde
mulher?- Aqui dentro de casa arrumando as coisas que tenho que arrumar. É você que não consegue me
ver! – Mas, também Zezé, do jeito que você está fica difícil me vê viu… Zezé era uma forma carinhosa de
chamar o seu esposo, que não deixava de ser mais um apelido recebido de Filomena que o chamava
carinhosamente. Referi-se a ele toda atenção, então vai logo me dizendo o que quer de mim homem? –
Vai me diz… Uai, você sabe bem o que eu quero e preciso mulher; se não sabe vou te lembrar novamente.
Conforme o seu pensamento que não fugia de nada enquanto estava pensando, faz a ela o tal pedido: ah
coitada da Filomena… Faz para eu mulher aquele cafezinho bem forte, pode ser quase sem açúcar, de
forma carinhosa a chamava de meu bem. Depois você bem sabe aquele delicioso mexido que só você
mesma sabe fazer, vou tomar o meu banho numa água bem fria e quando eu sair do banho vou comer o
meu mexidão, que me parece já estar servido a mesa e, quando terminar de comer vou tomar aquele
café, após serei só lembrança, viu? – Há, não reclama de mim não Filomena! Você sabe que eu sou assim, deixa de conversa mole; vou deitar para tirar aquela soneca e assim que acordar se Deus quiser, vou trabalhar entendida Filomena? Um beijo. Ela respondeu a ele bem baixinho outro! E conclui dizendo você não faz mais que sua obrigação, de pensar exclusivamente no seu trabalho. Ele não conteve e sorriu dizendo, o meu último pedido pra não dizer que sou enjoado Filomena! Não se esqueça de colocar o relógio para despertar-me. – como reforço eu te peço ajuda caso começasse a perder a hora, não deixar de me acordar e suplicava, por favor! – Não me deixe perder o horário que passa o “manda brasa”, mata cobra, carroceria aberta e toma ventania e poeira, qualquer coisa que os levasse o alto da serra e enfatizou… Onde o filho chora e a mãe não ouve, principalmente em noites de frio em dias de inverno.
Nessa ordem Jose do Fim Severiano, o (Luz baixa ) pelos colegas de trabalho, para Filomena
simplesmente Zezé foi buscar o melhor do seu sono. No estado que estava não demorou muito foi
adormecendo. Quando inesperadamente algo de muito estranho começa acontecer bem próximo da sua
casa, algo que envolvia muito barulho de forma insuportável, altos gritos. Já meio sonolento perguntou a Filomena, que barulho é esse? – O que é isso mulher? – Intimamente ela respondeu: Zezé! Você não
sabe? – Chegou pra perto de nós aqui uma dessas Igrejas evangélica que, me parecem fazer culto e
orações todos os dias, pode se acostumando com esse povo que já tive notícias ser mais ou menos assim:
eles cantam, ora fazendo muito barulho. É mesmo Filomena? – É sim! – então pode estar certos que vão
ter que mudar e dar um jeito de fazer menos barulho, senão o bicho vai pegar e comentou… Isso é um
absurdo! Pensa bem Filomena! -Sei lá mais o quê, só sabia dizer que desse jeito não pode ser e pede, por
favor, Filomena vai lá pra mim mulher, usa de toda a sua educação e pede o pastor dessa tal Igreja, ou
seja, lá quem for para diminuir esse barulho, diz a eles que eu tenho que dormir pelo menos um pouco
para poder trabalhar é eu que sei, lá tenho que estar bem alerta, lá folha cai sem ela bem saber o porquê,
ou melhor, dizendo pau quebra. Pois, então minha Filomena, evita deu ir lá se não eu faço do meu jeito e você sabe como eu sou para essas coisas.
Filomena vestiu se de coragem e foi à Igreja para conversar com o pastor ou alguém que pudesse ajudála
de preferência o tal pastor, o que acabou dando certo. Assim que Filomena virou as costas ao sair da
Igreja, Não deu outra coisa, o pastor convocou os fieis os quais chamavam de irmãos e dizia a todos
temos de ter mais fé; o diabo estava solto e operando a favor dos inimigos e já começava a se manifestar.
Naquele instante incentivado pelo pastor, todos gritavam o mais altos que podia. (Queima senhor! –
queima), Isso é coisa do diabo, obra do Satanás. Em nome de Jesus expulsa a coisa ruim desse povo
queima senhor. Ao ouvir toda aquela ladainha, sem bem saber o que fazer Filomena cada vez mais
preocupada por conhecer bem o temperamento de Zezé, que continuava deitado se inervando se sentindo cada vez pior, logo ele fez jus ao seu apelido de Luz baixa; ficando cada vez mais de olhos fechados, mas de raiva parecendo tipo um animal acuado e cada vez mais acuado, a ponto de subir as paredes ou arrebentar uma cerca com seis fios de arame farpado parecendo uma vaca louca, proveniente de tanto pavor e raiva.
Já no extremo de sua loucura, ainda se conteve, mudou de estratégia ao chamar o seu filho mais velho,
que o chamava de Tico, apelido esse dado pelo seu próprio pai, (ordenou, venha cá filho). (Vou pedir a
você um favor, mas preste bem atenção, pois quem vai lá agora será você), lá aonde pai? – Nessa tal
Igreja que sua mãe me disse, mas te peço tenha paciência para dizer aquela gente mais o tal pastor, que
estou perdendo a minha paciência, pois pela segunda vez, a sua mãe já esteve lá e pediu aqueles maus
educados, por gentileza! – que diminuíssem o barulho e eles nem ai… Já não basta o barulho infernal a
noite toda, daquela maquina que trabalho com ela.
Então, vá lá também e pedem a eles que diminua esse alto barulho porque eu preciso dormir, viu? – Dessa forma Tico fez. Foi à Igreja e pediu a todos que lá estava usando de muita educação, que colaborassem com seu pai que precisava dormir para até então, trabalhar a noite. Assim de forma tranquila deu o recado, agradeceu a todos e voltou para casa.
Passado certo tempo redobrou o barulho, não disse irmãos! – que o demônio está solto, temos que nos
vigiar… Eles querem acabar com todos nós aqui irmãos. Então vamos dobrar os nossos joelhos sobre o
chão e orarmos bem em voz alta para que os nossos inimigos escutem pelo o nosso clamor oh! Deus.
Vamos irmãos! – vamos gritar para o senhor nos escutar vamos irmãos… Com quem que Deus fosse
surdo! Já bem mais alto suplicar o nome do filho de Deus! – para que ele possa nos ajudar, por isso oh!
Senhor queima esse povo que não quer ouvir a tua palavra. Esses demônios para longe de nós, vão morar que não seja na casa do senhor.
Nesse momento Zezé, o Luz baixa, tanto fez que não conteve, já bastante nervoso começou a boquejar
consigo mesmo: fora do seu centro e já muito nervoso disse: quem esse pastorzinho de merda acha que
é, mais esse pessoal. Ora eu também sou filho de Deus como eles! Não sou o filho do diabo como estão
dizendo por ai, (menos ainda sou o Diabo). Tenho a minha fé em Deus e não no satanás. De nada que
seja tão ruim, nem por isso: agora quem vai lá sou eu e comigo é assim resolvo do meu jeito, se não der
de uma forma dá de outra. Quando lá chegar eles vão vê realmente a fúria que estou, se eu sou real, ou
se sou uma Assombração.
E continuava dizendo, Maria você já foi lá até a eles! – Pediu a todos com muita delicadeza e educação,
porém não resolveu de nada e o pior, continuou zombando o quanto quis dela, depois foi o Tico que ágiu
da mesma forma continua zombando dele e de nós agora. Você é testemunha disso meu Deus! – fiz tudo
o que era para ser feito e nada adiantou e eu tentei ser o mais sensato possível para não me justificar
pelo apelido que me colocaram. Pedia inúmeras vezes, por favor! – portanto, não deu certo, agora chegou a minha vez. Deu o seu grito de misericórdia bem alto também, Filomena! – Oh! Filomena– Pega uma roupa ai para mim, pode ser qualquer coisa até mesmo um calção, mais uma camiseta pode ser desses que eu jogo bola com os amigos, não se esquece do meu chinelo, pois agora quem vai lá sou eu, mulher. E comigo eles vão ver quem é o diabo ou satanás, vou mostrá-los mulher como eles sai dos quintos do inferno para tirar a paz e o Sossego dos outros usando o nome de Deus, da forma que usam… Não acha não mulher? – Então pode me dar qualquer coisa que eu visto ou calço. Quando lá chegar essa gente, ou melhor, dizendo esse bando de desocupado vão ver comigo, aqui o buraco é mais de lado ou embaixo.
Tudo isso ele dizia pra se mesmo de maneira pensada e cochichada da forma que só ele se ouvia,
indignado dizia não vai ser mesmo como estão pensando que é cambada de a toa, sem o que fazer… E
nisso acabou de trocar de roupa, calçou o seu chinelo e puxou um tamborete fascinou paralelo ao guarda-roupa e subiu meio sem rumo até dar altura de ver tudo que havia sobre ele. Foi quando avistou uma caixa a qual estava sobre o guarda-roupa, dentro da caixa há um bom tempo guardado lá estava o seu tão estimado três oitão, marca Smith, pegou aquilo com certo manuseio e prática colocando em punho e começou a dizer! – Já bem azul de raiva e muito trêmulo dizia esse é meu ferro, falava de forma que parecia esta conversando com alguém. Quanto tempo hem?- Vou ti carregar até a boca e, depois vai ter que cuspir fogo meu pau de brasa acesa quero ver cuspir bala para todos os lados… É hoje. Começou a carregar o seu três oitão.
Consigo dizia… Uma bala comum. Outra bala de dundum. (Uma comum, outra de dundum, uma comum,
outra de dundum). Carregou o seu revolver como se diz até a boca, descanhotou aquilo como se fosse um agente da polícia, ou um ator de filmes de faroeste. Olhou para um lado e outro e foi saindo de casa em direção da Igreja. Ao chegar lá entrou e parou bem no centro da porta principal da entrada da igreja e foi dizendo bem alto de forma que não havia como não escutá-lo, sob um estado irreconhecível que tremia feito vara verde de pavor e raiva, sem se conter gritou por alguém aqui a voz que canta e mãos que tocam um instrumento também faz a guerra se pensa que eu estava morto me ressuscitei, porém da
minha cama para resolver essa bronca aqui. Aliás, a fúria de um espírito que voltou para se vingar de
pessoas como vocês? – Pelo visto me parece que não; vão saber nesse instante, então tomam… Já em
punho o seu revolver e foi atirando: pá; pá; pá; parou por uns segundos e continuou novamente pá, pá,
pá, até chegar à última bala. Quando finda ainda sob total descontrole emocional com muita raiva ainda
tipo uma fera ferida, ele deu o seu grito comparado à personagem do filme o Rambo. Esperou centrado
ainda naquele mesmo lugar na porta da Igreja, respirou e suspirou fundo tipo oxigenando o cérebro.
Custou sair à primeira palavra, mas ela veio, pedi primeiro a minha Filomena… Depois pelo meu filho
Tico… E nada adiantou, o que eu ouvia daqui eram vozes desatinadas zombando e debochando de todos
nós aqui em casa, se achando os donos da verdade. Eu como vocês bem disse: eu o demônio, o diabo, o
satanás, sei lá mais o quê?- Então esperam para vocês verem o que vai acontecer com todos, pois vou
recarregar de novo o meu pau de Anu até a boca e saiba mais esse o meu ferro poço garantir que ele
nunca falhou, e quando eu o quero ele cospe fogo sem miséria e meio ainda louco dizia vou é meter bala
em todo mundo aqui viu? E vai bala e começou novamente com aquela sua contagem maluca: (bala
comum, bala de dundum, bala de dundum, bala comum, bala de dundum e assim por diante)… Quando
terminou de carregar o seu revolver, já não havia nem um daqueles fíeis daquela Igreja, para poder
contar essa estória, nem mesmo uma alma viva que pudesse se manifestar contra ou a favor. Todos já
haviam saídos uns sobre os outros num total pânico por todos os lados, pelas janelas, por portas que
havia, pelas laterais e mesmo pelos fundos, por onde houvesse uma fresta ou greta, que coubessem
alguém.
Moral da estória, na Igreja enfim… Não ficava ninguém para expulsar o seu demônio, o capeta, a coisa
ruim que estava em seu corpo, segundo diziam. Portanto, os tiros ele deu, não foi na direção de ninguém, curioso que foram todos pro alto na direção do teto da Igreja. Oh! Menos mal… Mas para esse
desajuizado e talvez louco de dar com pedra; não era tanto assim, pois, por outro lado, havia nele uma
grande virtude, não tinha consigo o instinto de vingança, menos ainda de um assassino. Ah sobre a tal
Igreja depois desse episodio ele e sua família juntamente com outros vizinhos muitos indagaram, mas
ninguém soube responder o paradeiro daquela Igreja com todos os seus membros. De uma coisa é certo
na rua ou mesmo no bairro pode afirmar que desapareceram todos aqueles fieis, mais o tal pastor que
ninguém ouviu mais falar. Menos ainda alguém para denunciar, fazer uma ocorrência policial para relatar o porquê do ocorrido.
Toninho Aribati
Revisão: Geuderson Marchiori