A DANÇA DA BARRIGA VAZIA OU CHEIA
Na dança dos garfos e da colher, o paladar é presente, desenha seu próprio destino. Uns se alimentam por pura necessidade, enchendo a barriga, buscando saciedade. Mas há aqueles que buscam mais que nutrir, exploram os sabores, querem sentir do doce ao salgado, é um deleite provar, degustar a vida, em cada bocado. Doce amargo, o doce do amor, no prato da existência, um festival de sabor e vitalidade.
Cada mordida é uma viagem única pelos caminhos que a gastronomia indica. Há quem devore a vida com voracidade e outros que apreciam com delicadeza e claridade em perceber os ramos extraídos dos verdes onde mora os aromas, chamados temperos sutis, A magia do paladar revela-se útil a um prazer imensurável. Comer é mais que alimentar o corpo, É nutrir a alma, é um ato tão nobre provar do mundo cada pedaço que se propõe a comer.
É criar memórias, é viver no abraço dos fatos. Que o paladar seja a metáfora compondo poesia falada e escrita em cada receita que vier ingredientes e para mexer usamos o garfo, ou colher, o talher, como os pratos ornamentados enfeitando a mesa, uma sinfonia de cor, sabor, pequenos barulhos, o silêncio somente no afiar dos dentes afiados, lábios molhados. Pois a mesa de uma casa que acontecem os encontros e despedidas, celebramos a vida com paladar, em cada garfada compartilhada eu, tu, eles, vocês num coro de voz usmem, no banquete da vida, como os versos que se entrelaçam a poesia que o tempo abraça. Uns buscam, na fome, preencher a barriga vazia enquanto outros dançam no paladar. Há quem busca da terra o pão de cada dia… Cotidiano! A barriga, abrigo da fome insano. Mas há, nos sentidos, um prazer da prova entre o que é doce e salgado, nesse mundo de encanto e sentido. Degustar é tecer um elo sutil, entre o ventre saciado e o paladar sutil. Cada bocado traduz uma nota desse concerto local, regional, o banquete da vida, vasto e completo. No doce, da esperança que destila gotas em favos de mel, o tempero que a alma cintila.
Variedade de sabores, como notas musicais, compondo uma sinfonia, em banquetes triunfais. É na mesa farta que se encontra a poesia, o alimento que nutre e sacia. Comer não é só encher o vazio do estômago, é mergulhar, degustar os sabores, é a vida que instiga sim o paladar, a dança dos pratos e talher, cada refeição é um poema a florescer. Comer é mais que nutrir um faminto, é celebrar a vida em porções e pedaços, é um ato livre de puro instinto racional ou irracional.
TONINHO ARIBATÍ